“… Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança…”
In Pedra Filosofal, António Gedeão
Um projeto que teve altos e baixos, um projeto no qual perdi algumas noites, um projeto que, em determinados momentos, acreditei que estava condenado ao fracasso e que finalmente vê a luz do dia.
Corria o ano de 2013 quando comecei a idealizar a primeira geocoin açoriana (sei que existe a Compass Rose 2010, mas não é a mesma coisa).
Comecei por pesquisar elementos caraterísticos de cada uma das ilhas: tradições, costumes, monumentos, paisagens e muito mais coisas. Foi contactando alguns geocachers açorianos por forma a darem o seu contributo. Por uma razão ou outra, o projeto foi ficando esquecido e rapidamente desapareceu. Após um ano de esquecimento, o projeto da Açores geocoin ganhou uma nova vida.
Decidi, em 2014, realizar o primeiro Açores Geoadventure. Era minha ideia (e penso que consegui) trazer a São Jorge, um número significativo de geocachers do Continente e dar a conhecer esta bela ilha e as suas potencialidades, não só ao nível do geocaching, mas também ao nível das atividades radicais.
Durante este grandioso evento tive a oportunidade de apresentar o meu projeto da geocoin açoriana a alguns dos participantes e o apoio foi total. Era este o incentivo extra que faltava. Aquele empurrão para este projeto finalmente sair da gaveta e avançar. Não iria desistir e este projeto iria ser concretizado.
Rapidamente voltei às minhas pesquisas e decidi pedir ajuda à comunidade “geocachiana”. Coloquei um post no fórum Geopt. Lá apresentava o projeto e pedia contributos para o design da geocoin. Como não obtive resposta ao meu pedido, decidi entrar em contacto direto com 2 designers nacionais. Dois designers com provas dadas, e dois designers que desenharam das mais bonitas geocoins portuguesas e do mundo.
Finalmente no dia 14 de janeiro de 2015 obtive uma resposta.
Este foi o post que deixei no fórum: “…Hoje posso dizer que o projeto finalmente irá avançar. Espero em breve ter notícias para vos dar. Estou muito contente …”
(PS: obtive duas respostas que ainda me deram mais alento. Obrigado Flora e Gustavo).
O designer que se prontificou a ajudar foi o Rui Almeida (Kelux).
Após feitas as devidas apresentações (via facebook) começamos a trabalhar com afinco na Açores 2015 Geocoin.
Várias ideias surgiram: escolher uma ilha e fazer uma geocoin (projeto que se iria repetir ao longo de 9 anos), fazer um conjunto de 9 geocoins, cada uma com o formato da ilha (contributo de Daniel Oliveira), fazer uma geocoin que representasse os Açores, fazer um conjunto de 9 geocoins que representasse algo em comum entre as várias ilhas. Esta última opção foi a ideia vencedora, por forma a tornar viável o projeto.
E eis que finalmente surge a artwork final da Açores 2015 Geocoin – Ilhas de Bruma.
Não irei dizer nomes (por ter medo de me esquecer de algum), mas gostaríamos de agradecer a todos aqueles que contribuíram para o sucesso deste projeto. A todos vós, o nosso muito obrigado.
ELEMENTOS DA GEOCOIN
FESTA DO DÍVINO ESPÍRITO SANTO
A origem remonta às celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes coletivos designados de Bodo aos Pobres com distribuição de comida e esmolas. Tradição que ainda se cumpre em algumas regiões de Portugal.
Assunto muito abordado pelo professor Agostinho da Silva. Há referências históricas que indicam que foi inicialmente instituída, em 1321, pelo convento franciscano de Alenquer sob proteção da Rainha Santa Isabel de Portugal e Aragão.
A celebração do Divino Espírito Santo no planeta teve origem na promessa da Rainha D. Isabel de Aragão, por volta de 1320. A Rainha teria prometido ao Divino Espírito Santo peregrinar o mundo com uma cópia da coroa e uma pomba no alto da coroa, que é o símbolo do Divino Espírito Santo, arrecadando donativos em benefício da população pobre, caso o esposo, o rei D. Dinis, fizesse as pazes com seu filho legítimo, D. Afonso, herdeiro do trono. De acordo com os documentos, D. Isabel não se conformava com o confronto entre pai e filho legítimo em vista da herança pelo trono, pois era desejo do rei que a coroa portuguesa passasse, após sua morte, para seu filho bastardo, Afonso Sanches. Diante do conflito, a rainha Isabel passou a suplicar ao Divino Espírito Santo pela paz entre seu esposo e seu filho. A interferência da rainha teria evitado um conflito armado, denominado A Peleja de Alvalade.
Essas celebrações aconteciam cinquenta dias após a Páscoa, comemorando o dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu sobre a Virgem Maria e os apóstolos de Cristo sob a forma de línguas como de fogo, segundo conta o Novo Testamento. Desde seus primórdios, os festejos do Divino, realizados na época das primeiras colheitas no calendário agrícola do hemisfério norte, são marcados pela esperança na chegada de uma nova era para o mundo dos homens, com igualdade, prosperidade e abundância para todos.
A devoção ao Divino encontrou um solo fértil para florescer nos territórios portugueses, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos, como a Nova Inglaterra, nos Estados Unidos da América, e diversas partes do Brasil.
OBJETOS SIMBÓLICOS DO ESPÍRITO SANTO
A bandeira — a bandeira é confecionada em damasco vermelho vivo, normalmente de dupla face, de forma quadrangular, com 5 palmos de lado (embora existam bandeiras maiores e menores), sobre o centro da qual é bordada em relevo uma pomba branca da qual irradiam para baixo raios de luz em branco e fio de prata. A bandeira é colocada numa haste em madeira com cerca de dois metros de comprido, encimada por uma pomba em prata ou latão.
AS CORES DAS ILHAS DOS AÇORES E SUAS ORIGENS
As ilhas dos Açores, para além das suas denominações oficiais, a cada qual foi popularmente, atribuída uma cor identificativa, baseada, fundamentalmente, em características peculiares, marcadas pela natureza.
Aqui se apresentam as cores das ilhas dos Açores e as razões subjacentes às mesmas:
•Santa Maria (Ilha Amarela): pelas giestas que abundavam nas suas encostas, com acrescento da grande secura da vegetação baixa, no período do verão;
•São Miguel (Ilha Verde): pelos vastos prados e matas verdes, que abundam na ilha;
•Terceira (Ilha Lilás): pelas vistosas latadas de glicínias ou lilases;
•Graciosa (Ilha Branca): pela existência de muitas rochas claras de cor esbranquiçada;
•São Jorge (Ilha Castanha): pela cor das rochas da Ponta dos Rosais, a primeira que se vê na sua aproximação pelo Oriente;
•Pico (Ilha Cinzenta): pela sua enorme montanha muito despida de vegetação, e grande exposição das rochas vulcânicas a descoberto, no litoral;
•Faial (Ilha Azul): pela quantidade de hortênsias azuis que ladeiam as estradas e as pastagens, e por ser uma ilha, desde longa data, muito voltada para o mar;
•Flores (Ilha Rosa): pelas suas exuberantes azáleas, que proliferam nesta terra abundante em água;
•Corvo (Ilha Preta): pela pequenez, traduzida na sua visualização como um diminuto “ponto negro” no horizonte, a partir das Flores, e seu rendilhado de muros de pedra negra.
BRASÃO DE ARMAS DOS AÇORES
A descrição completa do brasão de armas é a seguinte:
•Escudo: de prata, açor estendido de azul, bicado, lampassado, sancado e armado de vermelho, bordadura de vermelho, carregado de nove estrelas de cinco raios de oiro;
•Elmo: de frente, de oiro, forrado de vermelho;
•Timbre: açor sainte de azul, bicado e lampassado de vermelho, carregado de nove estrelas de cinco raios de oiro;
•Paquife: de azul e prata;
•Suportes: dois toiros de negro, coleirados e acorrentados de oiro, sustendo o da dextra um balção da Ordem de Cristo, com lança azul, ponta e copos de oiro, e sustentando o da sinistra um balção vermelho, com uma pomba estendida de prata, com lança azul, ponta e copos de oiro;
•Divisa: «Antes morrer livres que em paz sujeitos».
O açor estendido representa as ilhas, numericamente definidas pelas nove estrelas de cinco raios de oiro; o esmalte (vermelho) da bordadura e o metal (oiro) dos seus móveis (estrelas) são idênticos às cores da bordadura do Brasão de Portugal. O açor de azul e o campo de prata definem as cores dos Açores, que são, de resto, as que sempre foram historicamente utilizadas desde o tempo da monarquia constitucional.
Os toiros representam a histórica batalha da Salga de 1582, em que toiros (sabe-se hoje que terão sido vacas bravas) foram soltos em ruas de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, contra os invasores espanhóis durante a união da Coroa de Portugal e da Espanha. O arquipélago dos Açores, mais concretamente a ilha Terceira, foi o último território a resistir a essa união e daí resultou a expressão «Antes morrer livres que em paz sujeitos».
Os dois balções (lanças com bandeira) representam a Ordem de Cristo, donatária dos Açores ao tempo da colonização, e o símbolo do Espírito Santo (a pomba), um dos mais antigos e fervorosos cultos da gente dos Açores.
FICHA TÉCNICA
NOME: Açores 2015 Geocoin – Ilhas de Bruma
DATA: 2015
VERSÕES: Antique Copper
FORMATO: Circular
TAMANHO: 33 mm
QUANTIDADES: 315 geocoins
DESENHO: Rui Almeida (Kelux)
PRODUÇÃO: Lars Domres (Geocoinshop)
MENTOR: Pedro Silva (teamjorgenses)
ICON PRÓPRIO: Bandeira dos Açores
RESERVAS: em lote de 9 geocoins (uma por cada ilha)
LINKS:
BD Portuguesas: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1OBB5XbfTHGH52QChu6PMkGr1of9DobARfQT8Meq7EsE/edit#gid=0