27de Abril,2024

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ValenteCruz

ValenteCruz

Saturday, 21 July 2018 17:00

Lameirinha e Nariz do Mundo

Numa altura em que o país parece ter despertado de um tempo de abandono assumido do interior, seguimos rumo a Norte em busca de uma portugalidade interior que se vai reinventando para escapar a um certo destino litoral. Pretendíamos visitar a mítica Casa do Penedo, no salto da Lameirinha, e o não menos conhecido Nariz do Mundo, em Cabeceiras de Basto.

Passámos por Fafe e seguimos na direção da serra. Logo depois chegámos à Lameirinha (GC16670), local do famoso salto do rally. No alto da colina avistámos a Casa do Penedo, cujo terreno estava rodeado por uma vedação. Passámos suavemente pela rampa e estacionámos logo depois. Aproximou-se então um senhor, que viemos a descobrir ser vigilante, e ficámos a saber que era possível visitar o interior do terreno. Após fotos e mais fotos da casa, descemos um pouco a colina e estacionámos na pequena piscina cravada no granito. Ainda nos sentimos tentados a perguntar se poderíamos aproveitar o verão, mas acabámos apenas tirar mais algumas fotos. Entretanto, ficámos a conhecer melhor a história da casa, exemplo de comunhão de construção humana e natureza. Mais além, a paisagem estendia-se por colinas sobrepostas até ao horizonte.

Da Casa do Penedo seguimos para Moscoso em busca do Nariz do Mundo. Com a aproximação da hora do almoço resolvemos repensar os planos. Já tínhamos ouvido falar do restaurante homónimo, bastante famoso no Norte, mas desconhecíamos o que iríamos encontrar. Percebemos de imediato que deveríamos ter reservado a presença, mas ainda conseguimos arranjar um cantinho. Seguiu-se uma das melhores e mais peculiares experiências gastronómicas que já tivemos. Quando chegámos à mesa já lá estava uma garrafa de vinho a convidar a escolha imediata; o generoso bife grelhado de vitela estava fantástico e já nem considerámos a oferta para provarmos a chanfana; “sobremesa? não é preciso ementa, tomem lá esta travessa de doces tracionais e sirvam-se à vontade”. Pelo meio, fomos misturados na festa/encontro anual da família Leite e quando nos apercebemos já andávamos a celebrar com desconhecidos. E tudo por menos do que pensávamos. Enquanto uns se entretêm com estrelas Michelin a saber a pouco, ali cultiva-se a arte de cozinhar e encantar com sabores que o tempo apurou.

Finda a refeição, seguimos ao encontro do Nariz do Mundo, o original (GC4HTX1). Trata-se de um cabeço proeminente sobre o vale de Moscoso. Porém, para lá chegar é preciso caminhar e desgastar. Seguimos pelo caminho mais longo e fomos descendo a encosta do lado direito do rio. À medida que fomos descendo, a vegetação envolvente foi crescendo. Mais abaixo fomos envolvidos por um arvoredo de faias, cedros e carvalhos que a tudo resiste, desde o tempo aos incêndios. Ao chegarmos ao rio aproveitámos para tomarmos um banho reconfortante e seguimos depois pela subida da outra encosta. Sempre com os olhos no vale, contornámos o monte e iniciámos a subida pela outra vertente que nos haveria de levar à antiga casa florestal, que vai mantendo as janelas e as portas emparedadas à espera de melhores dias.

Já com vistas largas para Moscoso, descemos pelo trilho que nos haveria de levar finalmente ao Nariz do Mundo. De cada lado, vales cavados que chegam ao fundo de quantas eras ali se fizeram. Em dias de nevoeiro o pico deve parecer a proa de um navio a zarpar pelo mar. Em dias de bom tempo, o lugar oferece umas vistas triunfantes sobre o horizonte. A civilização apenas ali chegou para colocar uma placa informativa e tudo o resto é natureza. Fomos guardando os vislumbres em fotos vertiginosas e retomámos depois o caminho. Mais abaixo, o rio corria de cascata em lagoa e convidava a novo banho, mas o sol já se tinha escondido do fundo do vale. Cruzámos o rio e ainda fomos espreitar a Cascata das Relvas, antes de reencontrarmos o merecido descanso em Moscoso. No total, os cerca de 10 km foram percorridos em pouco menos de 5 horas (ver track). Do Nariz do Mundo trouxemos memórias de uma paisagem grandiosa e uma experiência gastronómica para recordar. Até ali e até qualquer dia, por essa portugalidade interior reencontrada, Basto num regresso!

Artigo publicado em cruzilhadas.pt

 

Sunday, 06 May 2018 10:00

Buçaquinho - da mata ao mar

Num dia de comemoração da nossa liberdade, fomos caminhar da mata ao mar em modo geocaching. Estacionámos no Buçaquinho e preparámo-nos para uma investida em forma de percurso circular, numa altura em que o parque ainda estava quase vazio. A primeira parte já era conhecida, de outras visitas ao parque, mas é sempre muito agradável de redescobrir. O espaço está impecavelmente recuperado e é um excelente local de lazer e descanso, de fauna, flora e lagos fotogénicos. Entrámos depois na ciclovia e fomos progredindo sem pressas, acompanhados por outros caminhantes e ciclistas. Pouco depois da rotunda para a praia de Cortegaça investimos na direção do mar e passámos a andar sozinhos pela mata. Em muitas partes do percurso, o arvoredo forma pequenos túneis de uma sombra muito agradável.

Aproximámo-nos então do mar e seguimos ao longo da linha. Nunca tínhamos andado por ali, pelo que foi bom encontrar aquele litoral onde o asfalto e as construções ainda não chegam. Descobrimos algumas ligações de caminhos que trazem muitos visitantes, em particular os surfistas. Encontrámos também alguns corredores a treinar; fica a referência para investidas futuras. Caminhar ao longo da linha de mar é excelente, mesmo para quem prefere a montanha. Por vezes, e como seria expetável, o caminho de areia dificultava um pouco a progressão, mas era apenas uma desculpa delongada para apreciar a paisagem marítima.

Mais ou menos a meio da nossa caminhada, investimos na direção do VG das dunas. Escondido do mundo pela vegetação, parece um capitão esquecido à proa da história. Aproveitámos para almoçar um pouco mais à frente e descansámos de seguida. Como temos andado arredados das lides das caminhadas, os quilómetros percorridos começavam a fazer-se sentir nas pernas. Prosseguindo a nossa viagem, aproximámo-nos outra vez da ciclovia, mas fomos quase sempre progredindo pelos caminhos da mata. Fica a promessa de regressarmos para redescobrirmos a ciclovia no modo apropriado. Inclusive, mais tarde, ficámos a saber que o aluguer das bicicletas no Buçaquinho é gratuito e cada pessoa pode andar durante duas horas.

Passámos pelas instalações militares e continuámos pelos trilhos e caminhos da mata, até que o fim do percurso se começou a anunciar. O regresso ao parque fez-se num modo um pouco mais lento, já que os cerca de 21 quilómetros começavam a pesar nas pernas. Ao chegarmos descobrimos que o Buçaquinho tinha sido tomado por centenas de pessoas. Ainda assim, fomos dar mais um curto passeio lá dentro, à procura de uma vista sobranceira sobre a envolvência. Foi um excelente passeio, de regressos anunciados e em modo de corrida de bicicleta. E o mar ali tão perto!

Artigo publicado em cruzilhadas.pt

 

 

Sunday, 28 January 2018 10:00

GeoMag #fim?

Foi com muito interesse que, nos idos pré-natalícios de 2012, vi o aparecimento da GeoMagazine. Na altura, o geocaching estava em alta e tudo o que se passava no mundo da “caça ao tesouro do séc. XXI” era digno de atenção. Mesmo havendo várias plataformas dedicadas ao passatempo, desde os fóruns às redes sociais, a revista veio ocupar um vazio. Creio que o sucesso foi imediato. A oportunidade de espreitar de uma forma mais profunda para alguns temas, descobrir as histórias de quando o geocaching dava os primeiros passos, espiar nas entrelinhas de algumas caches marcantes e, acima de tudo, ficar a conhecer melhor um passatempo fascinante e as pessoas que o praticavam. Muitas vezes, apesar de as pessoas não se conhecerem, o simples facto de partilharem algo em comum cria uma empatia quase imediata.  

Cada edição era esperada com curiosidade. Quem seria a entrevista da capa? Que cache estaria em destaque? Qual o percurso que nos iria surpreender? As ideias e as histórias iam desfilando com as edições, sendo que o esforço e a qualidade eram notoriamente crescentes. Nos primeiros tempos recebi o convite para escrever sobre montanhas. Escrever sobre montanhas? Para além do regozijo em participar no projeto, ora aqui estavam duas coisas para as quais ninguém precisaria de me perguntar duas vezes. Sucederam-se quatro artigos, desde a Serra da Estrela aos Picos de Europa. Anos depois, creio que ainda continuam a ser boas referências.

À decima primeira edição fomos surpreendidos com o convite para a entrevista de capa, o que nos deixou orgulhosos. Algum tempo depois surgiu um outro convite para escrever regularmente um artigo de opinião. Num primeiro momento pensei que não teria assunto para muitas edições, mas rapidamente percebi que os temas, desde os mais humorísticos aos mais opinativos, iriam suceder-se de uma forma natural. Afinal, bastava ir em busca das opiniões e fundamentá-las. Dá trabalho, mas ajuda a definir e a compreender a própria forma como vivemos o geocaching. Quando dei conta já estava a tomar conta de mais um tópico por edição, à descoberta das caches e dos recantos mais interessantes que tinha encontrado. A necessidade de ter algo interessante para escrever, ou pelo menos tentar, acabava também por ser um incentivo para deixar o desconforto do sofá e ir à descoberta.

De todas as edições e de todos os artigos há um particularmente especial. Apesar do enorme pesar pelo desaparecimento do d3vil, das diferentes sensibilidades e das dúvidas sobre o sentido da nossa ação e de como poderia ser interpretada, avançámos para uma edição de homenagem que pretendia celebrar os momentos de partilha e os sorrisos de um grupo de amigos com uma pessoa especial e inspiradora. Ao olhar para trás, vendo o resultado e analisando a forma como a comunidade sentiu a homenagem e o legado que pretendemos deixar, sinto um orgulho enorme por ter participado na sua dinamização.

A GeoMagazine foi-se reinventando ao longo da sua existência. Passou por várias fases até que um conjunto de razões acabaram por ditar o seu fim. Não sei se será um fim com ponto final. Se todo o mundo é composto de mudança (e de fases), acredito que, mais cedo ou mais tarde, com ou sem algum acontecimento marcante à mistura, a revista regressará. Há sempre alguém generoso que persiste em reavivar as boas ideias. E a GeoMagazine foi das melhores ideias que já apareceram no geocaching nacional, tão natural como um lugar fantástico que está à espera de um passatempo tecnológico para se dar a conhecer.

Nestas situações, não gosto muito de personalizar as menções e/ou os agradecimentos. Há sempre alguém que pode ficar de fora e não quero ser injusto. Assim, agradeço a todos os que contribuíram para a revista ao longo das suas 27 edições. Eles sabem quem são. Obrigado pelo esforço, partilha, teimosia e ambição de quererem fazer do geocaching luso um lugar melhor!

Artigo publicado em cruzilhadas.pt.

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