Há algumas caches, perfeitamente identificadas pelas cinco estrelas de terreno afixadas nas suas descrições, que requerem algum material específico. Há quem use o poder imaginativo desenvolvido pela observação de muita televisão ou até use a simples presença a olhar para quem vai à cache num grupo numeroso, onde a maior parte não contribui para nada, para afirmar que encontraram a cache. Efectivamente isso não aconteceu pois a cache, no local onde foi escondida e cujo dono quer proporcionar um desafio a quem lá vai, não foi realmente encontrada. Foi uma aventura observada e não vivida. É como aplaudir uma maratona, a ver os corredores a passar e efectivamente percorrer os pouco mais de 42 km. Há uma ligeira diferença tanto no objectivo alcançado como na experiência vivida.
Assim, o material que vai na mochila não são binóculos nem espírito de observador, mas sim aquilo que permite chegar, em segurança, ao esconderijo da cache e que possibilita, a quem lá vai, dizer: encontrei a cache, também tenho mais um sorriso amarelo no mapa e, mais importante, consegui superar o desafio proposto e provavelmente elevei-me a um patamar de superação pessoal que nem tinha a certeza de conseguir alcançar.
Como a grande percentagem de caches no território luso que necessitam de material deste tipo não são de escalada pura, com recurso a material ainda mais característico, a minha mochila das cordas usualmente só tem aparelhos tanto para subir como para descer com recurso a cordas e demais acessórios.
Ao longo dos anos já usei várias soluções, de várias marcas e em várias situações. Com o tempo fui fazendo as minhas escolhas consoante as minhas preferências e gostos e perfeitamente adaptadas ao que faço, e que têm resultado sem nenhum problema. Há quem use outros aparelhos, outras técnicas e até não se sinta à vontade com o meu material eleito. Para mim é uma escolha pessoal, funcional e, com os mesmos cuidados de segurança, servem para alcançar os objectivos pretendidos. Requerem técnica, adaptação e conhecimento do material a uso. Mas isso é necessário em todo o equipamento a usar: saber como se usa e qual o seu modo de funcionamento de segurança.
Para transportar este equipamento uso essencialmente duas coisas, uma mochila de 25 litros e os sacos azuis da loja sueca. Estes duram bastante, servem até de tapete e ninguém se interessa por eles. Por vezes quando vamos para o ponto zero da cache parece que estamos ali um pouco deslocados mas tudo tem um propósito: facilitar o carregamento. Se o acesso à cache for mais complicado e incluir uma caminhada maior, o material é transportado todo às costas, em mochilas, e divididos por quem faz parte desse grupo.
Carrego habitualmente duas cordas semi-estáticas: uma de 9,5 mm com 70 metros e outra de 10 mm e de 13 metros. Em muitas das ocasiões só uso a corda mais pequena. É menor a tralha a arrumar e é menos dispendiosa a sua substituição. Para amarrações, árvores, pontes de rocha ou semelhantes, uso várias cintas e bocados de corda com vários tamanhos, e, para todos esses pontos de fixação, mosquetões de segurança. Não se abrem sem querer e não há necessidade de estar sempre a olhar para as amarrações. Em alguns casos, principalmente no alto, coloco um protector de corda para que esta não se estrague nas arestas.
Para material de progressão vertical cingi a minha escolha ao “gri-gri” (a primeira versão), ao punho (por opção só tenho o modelo para a mão esquerda) com pedal acoplado e à minha medida. Servem para se chegar ao objectivo e têm uma vantagem acrescida, nunca há necessidade de se retirar o ascensor/descensor da corda. Para descer já está tudo pronto limitando ao mínimo o erro do utilizador. Para conforto, principalmente no uso de cordas mais finas, uso umas luvas de cabedal. Para as vias ferratas tenho um dispositivo com dissipador de energia, só assim é garantida a segurança em caso de queda.
Depois há o material necessário para colocar a corda no local. Ou o acesso ao ponto é por cima, sem necessidade de malabarismos, ou o ponto de acesso é por baixo, caso das árvores, onde é imperativo colocar primeiro a corda lá por cima. Tenho um peso usado nestas coisas, um rolo de 50 m de corda de 3 mm e com uma técnica apurada ao longo dos tempos, com pontaria e alguma sorte, temos conseguido o que queremos: colocar a corda de maneira a que se chegue à cache. Quando isto não acontece por vezes há a necessidade de subir por patamares e aí já requer mais tempo e mais manobras de cordas. Estas são obviamente situações a evitar pois aumentam significativamente o tempo a chegar ao alto e felizmente não acontecem tantas vezes quanto isso.
Para complementar levo um capacete, mais uns mosquetões, alguns com segurança e um descensor (o vulgar oito) a usar com segurança (ou um simples prusik, que é uma corda mais fina e com um nó que trava, ou alguém a ajudar em baixo).
Para as caches de sobe e desce, este conjunto de material tem-me servido adequadamente, sem problemas, sem sustos e com bons resultados.
1 - Sacos azuis loja sueca
2 - Mochila
3 - Corda 70 m
4 - Corda 13 m
5 - Capacete e luvas
6 - Protector de corda
7 - Arnês
8 - Pedaços de corda e fitas
9 - Peso e corda para atirar
10 - 8, gri-gri, mosquetões e roldanas
11 - Longe via ferrata
12 - Punhos com pedal acoplado
13 - Mais fitas
Artigo publicado na GeoMagazine #26.