18de Abril,2024

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Foto de João Nuno Calhandro Foto de João Nuno Calhandro
18 September 2014 Written by  Clavent

Obrigado, Açores!

Mal soube que a entrega dos prémios ia ser no início de Setembro em S. Miguel, fui logo espreitar o calendário das minhas férias pois sabia que tinha três semanas para o fim de Agosto e uns dias no início de Setembro. Por sorte tudo calhou bem: o Evento da Cerimónia estava agendado precisamente para o último fim-de-semana, antes de voltar ao trabalho.


Tendo duas caches nomeadas e depois finalistas: “A Tribute To Hessut Lost Treasure”, pelos Açores, e “Robin Hood”, por Lisboa, o que queria mesmo era estar em São Miguel, onde vivi e trabalhei durante quatro anos e passar uma semana interinha naquela ilha que tão bem conhecia.
Desta vez tinha tempo para tudo: ver os amigos, divididos entre colegas de trabalho e do geocaching, e tempo e oportunidade para respirar e sorver a tranquilidade daquelas paisagens deslumbrantes que nenhuma fotografia ou filme conseguem retratar na sua plenitude.
Faz-me falta o vento da serra, os odores da manhã, a frescura dos ares o verde dos pastos, o forte azul do mar. As pessoas locais, as vacas alpinistas e os cães de fila de São Miguel. São saudades da humidade tropical e das chuvas esporádicas que não molham mas refrescam. Faltam as fofas da Povoação cheias de creme, os gelados de Água de Pau a 80 cêntimos, a aspereza das rochas vulcânicas, a areia escura que se cola aos dedos dos pés, os trilhos com musgo carregado de água e que ensopam o calçado e as meias. Os caminhos de conteiras, as bermas de hortências, as florestas das criptomérias, o queijo fresco com pimenta da terra que servem às mesas, os cavacos, as lapas e as cracas, as saborosas sopas do Espírito Santo e a maluquice da batalha das limas!

 


Não pensei duas vezes! Tratei logo de ligar para a Abreu de Ponta Delgada, Agencia que sempre me tratou das viagens quando precisei. Afinal as viagens não são assim tão baratas e se marcasse com tempo podia conseguir ainda uma boa promoção.
Telefonema feito, reserva feita para pagar em três dias!
Sem nada marcado, entre casa e carro, algo se iria arranjar, sem stresses nem preocupações. Entre as várias opções, acabei por ficar em Ponta Delgada numa casa que já conhecia. Quanto ao carro, esse foi um TT Mitsubishi Pajero de 2500cc, com mais de 20 anos, gentilmente cedido por uma das maiores pessoas de S. Miguel e de quem tenho muita estima e respeito. Era o quadro perfeito para os meus dias.
Cheguei a S. Miguel no último voo da noite, de Sexta-feira dia 29 de Agosto. Tal como combinado, a primeira coisa a fazer era ir buscar a chave do Jipe que estava devidamente etiquetada com o meu nome, no balcão de pagamento do estacionamento do Parque.

 


Malas no jipe, ala para Ponta Delgada buscar a chave do “apartamento” – designação dada nos Açores ao que os continentais chamam “andar”.
Cheguei à Cidade, já passava da meia-noite. Carro estacionado nas Portas da Cidade, e já com a chave na mão, não consegui ir para casa. Ali fiquei na Praça, especado, a deliciar-me com tudo o que me rodeava. As pessoas, os carros dos cachorros ao longo da avenida, a marina, o Café Central com música ao vivo e por isso cheio de gente. A noite estava amena, com a temperatura normal que podia rondar os 20 graus. Nem parecia que tinha deixado a ilha há mais de ano e meio. Afinal foram quatro anos inteirinhos de trabalho na ilha, que eu sempre comparei a quatro anos de férias no paraíso. Fiquei por ali seguramente até perto das quatro da manhã.
A partir do dia seguinte foi seguir e concretizar o que tinha previsto: visitar os colegas de trabalho, visitar o grande amigo JorgeBig no hospital, ao qual desejo aqui rápidas melhoras, e rever o pessoal “fraquinho” do Geocaching com quem tive o prazer de participar nalguns eventos e “eventos”. E claro, muita cache!

 


Nos dias que se seguiram, andei, andei, percorri, sozinho e acompanhado, para “fazer umas caches” que “ainda tinha pendentes no mapa”. Com isto fiz mais de mil quilómetros de carro, naquela ilha que pouco mais tem que 60 km de comprimento.
Como não podia deixar de ser, fui visitar o pessoal do “contenente” que já estava hospedado na Pousada de Juventude de Lagoa; local escolhido pela Organização da Cerimónia dos Prémios como centro de Operações.
Com um programa recheado de actividades de cinco estrelas, que iam decorrendo um pouco por toda a ilha durante aquela semana, só a partir de quinta-feira é que o ambiente da Cerimónia da entrega dos prémios começou a fazer-se sentir com a chegada do pessoal do Geopt e de alguns amigos finalistas.


Foi no Jantar no “Zé do Rego”, na Atalhada, que vi pela primeira vez, devidamente sentado numa longa mesa, o extraordinário grupo de pessoas. Algumas caras que já bem conhecia, outras que conheci nessa semana, e outras que passei a conhecer.
Com boa comida e boa conversa à mistura, naturalmente sobre geocaching e compreensivelmente sobre os “prémios gps” nos Açores, estranhei a dado momento que havia assuntos que me diziam respeito. Ou não fosse a conversa que ia tendo, que apontada para: “hipoteticamente se viesses a ganhar algum prémio, nalguma das tuas caches finalistas…”.
Embora soubesse que as minhas duas caches finalistas, eram muito boas, tinha a noção que a concorrência era forte e que por vários motivos nunca achei poder ganhar qualquer prémio.
Contudo, a observação feita nesse jantar, e o pedido de preparação dumas palavrinhas se fosse subir ao palco, feito horas antes da Cerimónia, fez-me pensar que a cache ganhadora fosse a dos Açores. Como nunca me disseram qual tive de escolher uma.


Com pouco tempo de preparação e algo inseguro, porque não estou habituado e não gosto de exposições públicas, peguei numa folha de papel e fui escrevendo umas frases soltas, sobre a cache de São Miguel. Tentei assim arrumar umas ideias num pequeno texto, com o intuito de o usar como cabula, ou auxiliar de memória, quando chegasse a minha vez de ser o centro das atenções, tanto para aquela plateia, como para quem ia acompanhar o Evento através Geopt.tv, com transmissão directa e em primeira mão para todo o mundo!
 No Sábado cheguei ao Auditório à hora combinada e sentei-me num lugar duma das três filas reservadas aos finalistas.
Iniciada a Cerimónia, que começou muito bem com o excelente espetáculo dado pelo Coro Ensemble Johann Sebastian Bach, que fez sentir, a todos nós presentes, um recuo ao tempo medieval.


Com a louvável apresentação do João e da Flora, aos quais dou, desde já, os meus sinceros parabéns pela condução da Cerimónia, apenas comparável com a entrega dos Óscares do cinema americano em Hollywood, filme após filme, finalistas atrás de finalistas, foram saindo os vencedores dos Prémios GPS 2013, uns atrás dos outros, por ordem dos distritos, ficando para o fim: Lisboa e Açores.
A guardar-me para os Açores, eis senão quando chegou Lisboa e ecoou na sala o nome de “Robin Hood” e Clavent. Foi com surpresa, mas com enorme satisfação e orgulho que ouvi esses dois nomes, que, modéstia à parte e não fosse minha a Letter, diria que é um merecedor e justo vencedor! Pronto, afinal a tal conversa ao jantar, era para o Prémio em Lisboa e não para os Açores! Sinceramente, sinceramente, sempre achei que a cache ideal para os Açores era a dos Dois Cavaleiros do Santo Graal ( a justa vencedora), mas a dúvida para Lisboa fez-me inclinar para os Açores.

 


Chamada ao palco para receber o prémio. Pois… e agora? O texto era para os Açores e não para Lisboa. Teve de vir o improviso. Acho que me safei…
A partir daí, para mim, foi completamente descontraído. Até comecei a apreciar e a ver coisas na sala que ainda não tinha visto!
Mas os prémios ainda não tinham acabado. Pois foi com muito orgulho que vi os Açores a terem direito à recompensa do melhor local nacional para fazer geocaching com a cache “A Tribute to Hessut Lost Treasure”!


Obrigado Geopt, Obrigado Açores, obrigado S. Miguel, obrigado Lisboa, obrigado a todos os que votaram e obrigado a todos os que fizeram deste um Grande Evento e um grande momento de Geocaching Nacional.  

Pedro Mendes - Clavent

Cache Vencedora Prémios GPS 2013 Lisboa | Cache Vencedora Prémios GPS 2013 Categoria Local

Fotos de João Nuno Calhandro, Pedro Mendes



1 comment

  • Comment Link Ericeirapirates 19 September 2014 ericeirapirates

    São Miguel foi um local que visitei e à chegada sentei-me junto à fortaleza, fechei os olhos e senti-me verdadeiramente em casa. Penso que não consiga explicar o sentimento mas chega para dizer, como te percebo Clavent :-)
    Não me levem a mal mas não percebo como queremos visitar locais distantes sem conhecermos os Açores, esse arquipélago conhecido como o Hawaii do atlântico, e que depois de o visitar parece-me mais correcto apelidar o Hawaii de Açores do pacífico.
    Espero voltar em breve, afinal ainda me faltam umas ilhas e quando fui não deu para mergulhar, tudo a seu tempo ... Azores style
    :-)
    Parabéns e espero visitar a Robin Hood em breve ( a Hessut também, mas vai ser mais difícil )

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