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30 August 2011 Written by  Flora Cardoso

Geotalk - Fernando Rei

É impossível não reparar naquela figura audaz no banner de entrada do GeoPT.org, a trepar um VG como se não houvesse amanhã! Dono de uma boa disposição à prova de tudo e de uma personalidade surpreendente, brinca com a carinhosa alcunha “The King”, e não leva nada disto demasiado a sério… Um geotalk com a pronúncia do norte, hoje à conversa com um grande nome do geocaching nacional: Fernando Rei!

 

 

“O Geocaching é uma atividade espetacular que veio dar sentido a atividades e aventuras!!! Trilhar locais desconhecidos, conhecer pessoas interessantes, respirar paz!!! Por tudo... Hei-de continuar esta caça com entusiasmo!”

Fernando, esta frase foi retirada do teu profile do geocaching.com! Esta é a definição mais próxima do geocaching que costumas praticar?

 

Completamente. Essa frase define-me no jogo, nesta busca incessante de lugares e pessoas. Foram muito os locais que visitei que me foram dados a conhecer pela descoberta dos “tesouros” que buscamos. À beira de muitos desses locais já tinha passado mas nunca os tinha visitado, por comodismo, por não estarem assinalados, por receio ou então por desconhecimento. Com o geocaching conheci lugares muito interessantes, fantásticos. Através desta atividade conheci as entranhas de todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Com o jogo assisti à intercessão do que conhecia com o que desconhecia, o que me fez partir nesta aventura que tantas alegrias me tem dado, acima de tudo pelo conhecimento de pessoas interessantes e pelas amizades criadas no geocaching.

Estás no ativo desde Abril de 2007; queres recordar connosco como foram os teus primeiros passos nesta grande aventura do geocaching? Como é que te iniciaste nesta atividade e como recordas o teu primeiro found?

 

Iniciei esta atividade efetivamente em abril de 2007, mas tudo começou em setembro de 2006 quando fazia uma caminhada de 45 km ao Santuário da Senhora da Peneda com um grupo de 14 escuteiros. A meio caminho conhecemos um jogador – “TheCelticSpirit” (o meu padrinho no Geocaching) – que nas férias da Páscoa de 2007 me deu a conhecer o jogo e o seu funcionamento. Assim, o meu primeiro found foi com o team “TheCelticSpirit” na fantástica cache “TP02 - NO REINO DOS BURII” a 2,8km de minha casa. Foi emocionante! No mesmo dia acompanhei-o na plantação de uma outra cache “O Último Uivo”. Assim começou o meu interesse pelo geocaching. A partir daí começou a tentativa de arranjar o equipamento que me permitisse abraçar esta atividade que tanto me fascina.

 

A tua agenda está sempre em lotação esgotada! Estás ligado ao escutismo e a atividades associativas, contas com belas viagens no teu curriculum… como é que enquadras o geocaching na tua vida? Ir à procura dos caixotes é um objetivo por si só, uma atividade complementar ou simplesmente um bom pretexto para juntar amigos e colocar o “pé no trilho”?

 

Não tem sido fácil conciliar todas as atividades. Por vezes tenho de sacrificar algumas atividades em detrimento doutras. Já faltei a algumas atividades interessantíssimas de geocaching porque tinha atividades escutistas agendadas. Já faltei a algumas atividades associativas (atuações folclóricas, escutistas) porque participei em eventos ou atividades de geocaching, previamente marcadas. Há algum tempo afastei-me das responsabilidades escutistas que tinha para me dedicar a outras aventuras, nomeadamente à procura de “caixotes”. Se esta participação for na companhia de amigos muito melhor. Têm sido muito os momentos de convívio vividos com geocachers amigos. Muitos são os locais a visitar que nos fazem bulir e rumar para novos destinos.

 

Qual o género de caches que te leva a preferência? Grandes desafios físicos, paisagens deslumbrantes, grandes rotas TT? Tens memória de uma cache francamente especial ou de uma jornada de geocaching que recordes com particular emoção?

 

As caches preferenciais são realmente as que proporcionam belos passeios, preferencialmente a pé, e nos conduzem a cenários deslumbrantes. Foram tantas as aventuras vividas no geocaching, destaco alguns, a título de exemplo: um dia passado na Arrábida na companhia de vários geocachers visitando a “Six Feet Under”, a “RUDIAN” e a “Ti' Anicha”. Três locais fantásticos na altura desconhecidos e que proporcionaram um dia de ótimo convívio, alegria e descobertas fantásticas: as profundezas da “Gruta do Médico”, os fósseis da Arrábida e um agradável passeio de barco… Outro momento bem passado ocorreu com o Miguel Braga onde vivi uma espectacular aventura TT na Serra da Peneda… para descobrir uma cache que se encontrava plantada a 600m do local publicado no site. No Gerês foram tantas as aventuras de caminhada… ora sozinho, ora acompanhado… ora com neve e gelo, ora com sol e calor. Em maio último participei num divertido tour "69 pelas Rotas de Viriato", em Viseu. Estas são algumas das jornadas e consequentes visitas a caches que me vão deixando “marcas” na alma.

 

Raiders of the Lost Cache”, “Ice Age” ou “Contrabandistas” são apenas algumas das mais incríveis multi-caches com a tua brilhante assinatura como owner! São caminhadas exigentes entre paisagens de rara beleza! Onde encontras a inspiração para delinear estes percursos e criar a trama destas caches?

 

Há caches que nos dão um prazer imenso em plantar e todas têm por detrás um momento marcante. A “Raiders of the Lost Cache” foi um momento de inspiração misturado com a aventura vivida. Já tinha ouvido fantásticas histórias do meu avô acerca do local. O meu avô dedicou-se ao contrabando durante largos anos e esse local ficava na rota. Eu queira muito conhecer esse sítio. Idealizei a busca à cache que “obriga” à procura de artefatos que são úteis no spot final, organizei os containers e pus-me a caminho para a plantação e conhecimento do local. Recordo que estava um dia de nevoeiro no topo da serra e que a descoberta do local foi envolta nesse manto que não me permitiu ver as paisagens em redor: albufeira de Vilarinho das Furnas, as Antenas do Muro, a Serra do Gerês, fiquei a conhecê-las nas posteriores visitas que realizei. Quando desci a serra Amarela dediquei-me de imediato a redigir a história inspirado na saga do Indiana Jonas e misturando os momentos por mim vividos aquando da plantação e que me deu um imenso prazer. A “Raiders of the Lost Cache” e “Os Geocachers devem Estar Loucos” foram os enredos a que dediquei maior tempo na elaboração do enredo e que me deram um gozo especial.

 

A multicache dos “Contrabandistas” quis que ficasse num ponto alto da Rota do Contrabando e dediquei-a ao meu avô. Escondi pistas pelo caminho recordando as vezes que esses contrabandistas precisavam esconder o contrabando quando fugiam à Guarda Civil espanhola ou à Guarda Fiscal portuguesa. A cache “Ice Age” é inspirada no filme “A Idade do Gelo” e decidi colocá-la no Vale Glaciar do Vez, numa da mais fantásticas paisagens de Portugal (Sistelo- Arcos de Valdevez) e usei o desastrado Scart e as suas bolotas que dão “alma” à procura do tesouro final.

 

Para mim essas são as minhas melhores caches que tentarei manter sempre ativas. Obrigam a uma pequena caminhada mas proporcionam um passeio agradabilíssimo e o conhecimento de novas paragens. A caminhada demora três ou quatro horas, daí não serem caches muito visitadas.

 

 

Na qualidade de Owner é bom observar que escondes caches para todos os gostos, algumas bastante acessíveis, outras bem mais desafiantes ao nível do terreno e do esforço físico! Para ti é importante manter este equilíbrio e tentar proporcionar aventuras para diferentes perfis de geocachers?

 

Sim, é fundamental que haja caches para todos os gostos e feitios. Acima de tudo dar a conhecer através do geocaching lugares bonitos, histórias interessantes e/ou tradições, usos e costumes maravilhosos. Eu tenho seguido essa lógica. Plantei caches em Aboim da Nóbrega, onde vivo, uma dedicada aos “Lenços de Namorados” (amplamente divulgados, sendo que é em Aboim da Nóbrega onde existe o maior

espólio de Lenços de Namorados originais). Tenho outra dedicada a uma lenda com uma história que se chama “O Dente-Santo de Aboim da Nóbrega”. Coloquei algumas nas vilas de Ponte da Barca e de Ponte de Lima, junto às pontes imponentes que ligam as margens do rio Lima. As restantes caches são todas serranas!!!

 

Em 2009 surpreendeste a comunidade com o “Powertrail do Lima”, uma das primeiras séries do género no nosso país. Com uma extensão de 16 km entre Ponte de Lima e Ponte da Barca ao longo da Ecovia do Rio Lima, este percurso foi amplamente elogiado e deixou saudades aquando do arquivamento desta série…Tens algum projeto para recuperar este percurso e devolver à comunidade um dos mais belos Powertrails de Portugal?

 

Plantei o “Powertrail do Lima”, um conjunto de 23 caches, numa altura em que só existiam em Portugal três Powertrails: “Pela Falésia à Lagoa”, “O Powertrail da Margem Sul” e um outro que não me recordo o nome. Nessa altura, em 2008, eu trabalhava em Lavradas, Ponte da Barca e costumava passear na Ecovia do Lima. Aí surgiu a ideia da plantação do powetrail. Tentei ajustar o nome das caches aos locais a visitar e elaborei uma diversidade de containers. Posteriormente procedi à plantação que me agradou imenso. Contudo, veio o inverno e o Rio Lima nessa altura aumenta imenso o caudal, ficando umas cinco caches submersas, o que não permite a visita. Associado a este facto existe a questão da manutenção das caches. Mudar as caches de local, subindo-as um pouco na cota, poder fazê-lo podia, podia mas não era a mesma coisa. E como atualmente trabalho em Braga já não é a todo o instante que posso proceder à manutenção dos “caixotes” decidi arquivar o Powertrail. Para já não tenho planos para reativar o percurso, mas estou disponível para ajudar alguém que se queira dedicar a esse efeito, inclusive fornecendo o texto de todo o Powertrail. Para mim também seria uma alegria poder fazê-lo enquanto g

eocacher.

 

 

Atrevo-me a dizer que conheces o Alto Minho como a palma da tua mão…ao nível do Geocaching na tua opinião haverá ainda muitos locais por explorar, ou o essencial da beleza desta região já está referenciado no mapa do Geocaching nacional?

 

Tantos são os locais que ainda não estão referenciados no mapa do geocaching nacional. Os “highlights” já estão quase todos assinalados, mas há tantos locais de interesse ainda por desvendar... tantos, tantos! Há lugares fantásticos que ficam na caminhada na direcção doutros, mas há outros que ainda não foram trilhados, quer em lugares de fácil acesso, quer na montanha ou na serra. É certo que não há necessidade de cravejar a serra de “plásticos”, mas podem sempre ser containers de madeira ou de pedra que tão bem se enquadram na paisagem! Estou a brincar, obviamente, cada um constrói o jogo como quer.

 

 

Acabas de regressar da Irlanda / Escócia, e estiveste recentemente no arquipélago dos Açores. Entre tantos destinos de sonho que já percorreste, há alguma viagem que te tenha deslumbrado particularmente? Na tua opinião o Geocaching em Portugal está ao nível do melhor geocaching internacional?

 

Sim ultimamente fiz essas visitas e vou-me deslumbrando por onde passo. Mas a viagem que fiz ao Egito foi seguramente a mais marcante essencialmente pela diferença cultural, social e pela riqueza histórica... Vim de lá maravilhado. Caches tem poucas… mesmo assim deu para fazer algumas descobertas no deserto.

O arquipélago dos Açores foi outro dos destinos que me deixou marcas profundas de satisfação. Visitei cinco ilhas, cada uma com os seus encantos, mas todas elas maravilhosas a nível paisagístico.

O geocaching em Portugal está ao nível do melhor geocaching internacional. Certamente deve haver bons e maus containers, assim como spots. Mas a essência do jogo é a mesma. Nos Estados Unidos apreciei a dedicação que dão aos containers, quase tudo com material oficial, incluindo os containers em forma de pedras ou altamente camuflados.

 

Fernando, projetos e próximos desafios para terminar em beleza este verão 2011? Já tens alguns trilhos em mente, ou o imprevisto é sempre o maior estímulo para o corpo e para a mente?

 

Gosto muito do seguir ao sabor do improviso, quer nas plantações quer nas descobertas. Amanhã parto em direcção a Mérida e depois Córdoba para passar uns dias a cachar e terminar as férias em beleza. A partir de Setembro muitos serão os fins-de-semana dedicados a esta nobre arte de procurar tesouros.

 

Obrigada Fernando Rei pela tua disponibilidade e parabéns pela tua atitude sempre positiva nesta atividade!

 

Eu é que agradeço e deixo um abraço a todos os geocachers deste Portugal carregadinho de caches!



6 comments

  • Comment Link Rui 06 September 2011 rukkas

    andas sempre a passear,abraço.

  • Comment Link Sérgio Pinto 02 September 2011 shepinto

    Grande Rei......Sempre em movimento :D
    Abraço

  • Comment Link Manuel Antóniolenan2do 01 September 2011 lenan2do

    Cá está o Rei, sempre em acção!
    Saudações!

  • Comment Link Paulo
Leandro 31 August 2011 SemGPS

    É sempre bom ler estas entrevistas de geocacheres experientes :)

  • Comment Link Ana Bela && Paulo 30 August 2011 abmapags

    Excelente entrevista.
    Tive o prazer de conhecer o Fernando no Mega Evento em Oeiras, e na grande aventura que foi a ida à cache do Bugio :-)

    Grande abraço Fernando

  • Comment Link MightyReek 30 August 2011 MightyReek

    The King em grande, é assim mesmo!
    Milfontes Powertrail é o "outro".
    Um grande abraço ao Fernando e bom resto de férias.

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