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Tonel, o irmão mais alto da Calcedónia
#3858 @7:59
Quando via a publicação desta cache, já ia o dia avançado, fiquei logo com água na boca. Tratei assim, e com afinco, de fazer um esforço extra na terça (a continuar no resto da semana) para poder comemorar o Dia Internacional das Montanhas numa cache interessante (o local onde está colocada assim o demonstra). A ideia de ser um possível FTF numa cache destas era uma coisa que não era para desprezar. Agendei logo para a madrugada de quarta-feira o início da jornada.
Por volta das cinco da matina estava a afrontar o escuro e verificar que estavam 2,5 º C, prometia. Confesso que já tinha saudades de uma incursão assim, a começar ainda antes dos galináceos mostrarem os dotes vocais, com um frio animador e em direcção ao fabuloso mundo do PNPG.
Infelizmente à medida que me aproximava a temperatura foi subindo, ao contrário do que é habitual e ao chegar perto do território do mapa verde já quase que tinha dois dígitos. Paciência, hoje não há neve, nem gelo, nas alturas.
Quando cheguei ao Miliário do Cruzeiro perto do Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna tive a surpresa desagradável do dia, a encosta estava a arder (com estas condições climatéricas e a esta hora do dia seguramente que era um “fogo natural”). Tratei de avisar as autoridades e até me perguntaram se não era nenhuma queimada. Ora uma queimada (sem ninguém à vista), às seis da manhã em área protegida é, a meu ver, um crime. Mas os senhores entendidos é que sabem. Já no regresso os bombeiros atacavam o incêndio que lavrava encosta acima. Mas voltemos ao mais agradável, a ida ao topo do Tonel.
Como a zona é sobejamente conhecida não estacionei no local aconselhado e fui para o “parque habitual”. Como vim entusiasmado cheguei cedo demais e estive a fazer tempo para sair. Ainda era escuro e mesmo conhecendo o caminho, não poderia nem estudar melhor o acesso final nem desfrutar do lusco-fusco. Vi no GPSr a que horas nascia o sol e saí de forma a estar no topo nessa altura. Coloquei um frontal à mão, ou melhor ao pescoço, escolhi a música para o caminho, permitindo que abafasse um pouco o sopro do vento e fui.
Num pulinho, quase sempre por trilho marcado e que aparece ali aos nossos pés com atenção, estava na base monolítica do granito. Começou o melhor, pensei. Estudei o acesso, há para todas os gostos, e já estava quase no topo, faltava pouco e agora não há mais dificuldades.
Antes da procura da cache fiquei ali a ouvir “Enjoy the Silence” dos Depeche Mode, a apreciar a mudança de cor nas nuvens, no céu e nas montanhas ao meu redor. Estava ganho o dia. No entanto devia ter trazido um tripé a sério para melhores fotografias pois com esta luz e vento não há milagres.
Fui ao alto do Tonel, com a “cana” espetada na base piramidal e ainda pensei que a cache estivesse aí. Tinha chegado a hora de procurar a dita.
O primeiro lugar, para o ponto zero, que me apareceu, foi espiolhado de alto abaixo e mesmo em recônditos lugares a lembrar a espeleologia. Nada de cache. Enfiei-me num local, à maluca, que me fez pensar: e agora como é que eu saio daqui? Lá voltei ao patamar superior e alarguei a área de buscas.
Ainda andei à procura um tempo, a anhar como se costuma dizer, e nada de cache. O vento não ajudava e assim tive que procurar abrigo para a mochila não ganhar asas. Enquanto isso encontrei uma cordeleta de escalada, amarrada à rocha e que ficou lá e vi tudo o havia para ver. Mas algo não fazia sentido, já estava afastado do ponto zero e não era por ali. Voltei ao aconchego do abrigo e ataquei de novo o ponto zero, agora a cache apareceu sem mais demoras. Verifiquei que o papelinho estava em branco, na área de registos obviamente, e registei a minha passagem e fui buscar uns TBs que tinha na mochila (ainda estava lá em cima).
Voltei à cache, guardei tudo e voltei ao topo.
Assim vale a pena.
E foi um saboroso FTF
Entrou: 2 TB
Obrigado pela cache e venham mais (destas, claro).
