Caracois Turbo found Quenofobia
#1271
Ao ler a listing uma preocupação me acelerou todos os medos. Não deve ser feita por crianças, ainda assim tínhamos o miúdo, deixá-lo em casa, ou ficar no carro com ele estava fora de questão. Além disso tínhamos-lhe contado a história, e ele ficou com a mesma vontade do menino da história de fazer esta aventura.
Como íamos em grupo e porque se houve coisa que aprendi com esta grande família de geocachers é que existe sempre uma mão amiga para ajudar, lá fomos à aventura descobrir os mistérios de um edifício em ruínas, mas que encerra em si um imenso esplendor.
Chegámos ao local ao anoitecer, a hora apropriada para exacerbar todos os medos. Fazia frio, um frio tão grande que gelava os ossos, sempre deu para disfarçar o tremer das mãos imputando ao frio o medo interno que por vezes nos vence.
Com o primeiro ponto surge a primeira dúvida, deveremos continuar? é tão escuro aqui, faz tanto frio, as silvas picam, o solo molhado torna os passos desconfortáveis, mas o miúdo lá ia deixando o pai e a mãe para trás, já entre outros companheiros crescidos que lhe guiavam os passos e lhe davam a mão nos momentos em que era necessário fazê-lo.
Se ele se sente seguro, então vamos continuar, e um sorriso maior invadiu-me o peito e foi então possível deixar-nos envolver pelo espaço circundante.
Era uma aventura, passo a passo em cada esquina em cada local inesperado, pormenores arquitectónicos fantásticos. Em alguns momentos dava por mim sozinha, um imenso escuro que apenas as lanternas quebravam de vez em quando.
As vozes que se multiplicavam bem como os silêncios que por vezes se instalavam quando entrámos por exemplo na sala real ou na igreja, onde uma espécie de reverência pelo que o local já foi, nos fazia vergar o olhar face a um altar cuja imponência abarcava toda a sala.
A cada momento um mesmo sentimento, que pena este espaço estar nestas condições. As paredes esventradas dos seus azulejos, o vandalismo nos parcos móveis que resistem de pedra e cal em alguns dos compartimentos.
Uma cama jaz parada no tempo atrás de uma porta, uma tábua de passar a ferro antiga que espera as mãos do ferro para ganhar vida. E tudo parece estático, e tanta vida ao redor,lanternas, conversas trocadas, passos que calcorreiam mais uma vez este chão instável mas perpetuado no tempo.
Foi depois tempo de sair e andar ao frio da noite novamente, e foi quando nos esperou outra surpresa deveras assustadora mas indubitavelmente deste mundo. :) um casal com o seu pequeno cão de guarda, apareceu no seu jipe junto a nós.
_ "quem sois? que fazem por estas bandas"??"
_ "estamos só a fazer um jogo"
Depois de esclarecidos foi tempo de conversar um pouco, trocar alguns sorrisos e festinhas à "fera" e seguir a nossa aventura que nos levou por fim à sala de todos os medos e ao segredo tão bem guardado.
Grupo reunido, logs feitos, e calmamente regressamos ao carro, gelados mas apenas do frio. O medo tinha ficado no seu lugar para assustar novos geocachers que por estas bandas venham descobrir o que é quenofobia.
Mas... tenham medo... tenham mesmo muito medo...
Existem sussurros e gemidos escondidos nas paredes, e se escutarem com atenção ouvirão o choro das traves e do soalho que vos ralha e pede contas a cada passo.
OPL e sobretudo por mais um fantástico momento em família com todas as suas novas aquisições.
Fica aqui o nosso merecido favorito.