GeoPT - Com a tecnologia disponível, nomeadamente a existência de dispositivos de fotografia nos telemóveis e até mesmo em alguns modelos de GPSR, qual julgas ser a razão para uma boa parte dos logs não serem enriquecidos com imagem?

Joom - A principal razão é porque uma boa parte das caches são encontradas, ou “feitas” como se lê e ouve por aí, a metro. O interesse principal é mesmo o sorriso no mapa e poder escrever (logar): feita, OPC, TFTC e afins. Está claro que muitas rotundas e outros becos não são os melhores cenários para fotografar.
Claro que as caches que sejam grandes aventuras na natureza ou em zonas urbanas são as que têm mais fotografias. Há mais para contar para além das palavras.
Curiosamente no meu caso tenho, infelizmente, bastantes fotografias em atraso para colocar embora tenha os registos em dia.

GeoPT - Pelo menos em Portugal, o que julgas que poderia ser feito para contrariar estas questão?

Joom - O principal é uma questão de exemplo de quem anda há mais tempo no geocaching tanto nas fotografias, nos registos ou nos comportamentos demonstrados. Quem começa no geocaching invariavelmente vai ver como agem quem tem mais caches encontradas e/ou pratica o geocaching já há alguns anos. Nas descrições das caches poderia ser pedido aliar às descrições das visitas as fotografias tiradas na procura das caches. Mas é sempre complicado pedir mais informação quando as narrações dos registos são minimalistas ou então iguais por atacado nas caches encontradas nesse dia.
Acho que principalmente o que é necessário é uma cultura de exemplo e tentar mostrar qual é a melhor prática para tornar o geocaching melhor, tanto nos registos como em fóruns. Às vezes é difícil pensar nisso quando se lê nas guidelines que não é de bom-tom registar como encontrada uma própria cache e se vê esse comportamento. Mas acredito que as coisas melhorarão e mais fotografias serão incluídas. E considero que deveria ser obrigatória a publicação de fotografias nas earthcaches mesmo que não fosse necessário mostrar a cara.

GeoPT - Que tipo de equipamentos e técnicas utilizas para fotografar os teus momentos de geocaching?

Joom - O tipo de equipamento depende do tipo de caches e para onde vou, na maior parte das vezes uso uma Canon 40D com uma 17-40. Vai a todo o lado e serve muitas vezes como disfarce. Também uso uma Sony P1, com mais de 10 anos, e com resultados interessantes. Ainda recentemente foi ao topo da Rose. E em outras alturas, e na maior parte das vezes, um telemóvel. As técnicas utilizadas são as habituais (enquadramentos e parâmetros da máquina) e dependendo principalmente do que quero mostrar e das condições de luz. É difícil explicar sem exemplos práticos mas principalmente mostrar o que se vive e vê na procura da cache, isto claro sem a mostrar ou no caso das caches mistério sem mostrar ou indicar o local final. Tanto podem ser fotografias do grupo, individuais quando vou sozinho, ou das paisagens que se avistam. E por vezes algumas fotografias não ficam como o esperado ainda há muito que aprender e praticar.

GeoPT - Podes partilhar connosco um momento de geocaching que te venha imediatamente á memória bem propício a fotografar até “derreter” o cartão de memória?

Joom - O tema fotográfico que mais gosto são as paisagens e que na maior parte das vezes este tipo de fotografia requer alguma preparação antecipada. O que me vem sempre à memória são as idas ao PNPG às caches (sozinho ou acompanhado) e que têm imensos motivos para fotografar. Por exemplo faz agora um ano uma ida às minas dos carris com neve na zona e inclusive a cair do céu. Mas raramente tiro fotografias como se não houvesse amanhã.

"Cá de cima, embora não seja o mais alto, a vista é fabulosa. Estamos no tecto do mundo. É a recompensa pelo esforço. Ao longe Pitões das Júnias e a capela de São João com a sua brancura no alto do monte."
Joom in Marco - Minas dos Carris

GeoPT - Qual o tema que desejas para a próxima edição do GeoFOTO? Porquê?

Joom - Superação.
Fotografias no ponto zero das caches onde quem as encontra tem que superar os seus medos, fobias, condições climatéricas ou outros handicaps. Tanto pode ser no alto de alguma coisa ou no meio da água para quem não está a vontade, no meio de aranhas ou até num estádio de futebol. Ou até mesmo a sensação de estar ali no local da cache.