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28 October 2016 Written by 

O paraíso aqui tão perto: Islas Cíes

As ilhas Ciés formam um arquipélago ao largo de Vigo, na Galiza. São constituídas por três ilhas, Monteagudo, Faro e San Martín, sendo que as duas primeiras estão ligadas por uma língua de areia, a Praia de Rodas (GC3MHKN). Em conjunto com outras ilhas da Ria de Vigo formam o Parque Nacional de las Islas Atlánticas de Galicia. Estas ilhas desde sempre atraíram curiosos e aventureiros, mas um artigo do jornal The Guardian, que nomeou a Praia de Rodas como a mais bonita do mundo, colocou-as definitivamente no centro do turismo espanhol. Apenas se pode pernoitar na ilha através de reserva no parque de campismo local. Em agosto é necessário reservar com bastante antecedência! É possível chegar às ilhas de barco partindo de Vigo ou de Baiona, sendo que a ilha de San Martín é apenas acessível através de barco privado.  

Depois de termos andado enredados em planos para visitarmos estas ilhas divinas, neste ano, finalmente a maresia de agosto trouxe a concretização da vontade antiga. Após dois dias em que aproveitámos para visitar a linha da costa galega a sul de Baiona, a terça-feira amanheceu com uma vista de intenções sobre as Ilhas Cíes. Seguimos até Baiona e prosseguimos de barco pela Ria de Vigo. A aproximação à ilha de Monteagudo, tendo como anfitriã a Praia de Rodas, é memorável e percebe-se de imediato o porquê da fama granjeada. A areia branca e água azul, envolvidas pelo arvoredo das encostas, compõem um cenário inolvidável!

as-ilhas

Pusemos os pés em terra e fizemo-nos à descoberta dos locais idílicos. A primeira paragem foi precisamente na praia, numa contemplação demorada. Passámos depois pelo lago e iniciámos a visita à ilha de Faro. No parque de campismo as reservas apenas serviam para o mês seguinte, tal a afluência. Seguindo pelo caminho aproximámo-nos da praia de Nosa Señora. Embora mais pequena, é igualmente fantástica!

A continuação do trilho levou-nos a conhecer o segundo embarcadoiro destas ilhas. Neste espaço, longe voragem turística, são descarregados os mantimentos para os turistas e residentes desta ilha. Avistámos então dois faróis no horizonte. Acabámos por ir primeiro ao Faro de Porta, que apresenta umas vistas vertiginosas sobre o mar. Subimos depois, seguindo a corrente turística, ao monte Faro (GC6JP9N), de onde se tem uma vista inteira das ilhas. Trata-se de um farol muito bem recuperado e a visita ao local é por demais obrigatória.

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Descendo pelo trilho, regressámos à floresta e aproveitámos para aprender um pouco mais de geologia através dos taffoni, pedras moldadas em obras de arte naturais pela meteorização. Ali perto, mais um adorno geológico muito interessante haveria de cativar o nosso espanto e interesse: a pedra de Campá (GC3XWHZ). Os elementos erosivos criaram uma janela de contemplação sobre o mar. A quem possa, recomenda-se uma espera ao pôr-do-sol de máquina fotográfica em punho e memória vazia.

Visitada esta ilha, retomámos a ilha de Monteagudo para nos deliciarmos com a praia. O vento também acabou por nos fazer companhia, criando desenhos idílicos na areia branca. Depois do marasmo resolvi percorrer esta ilha em modo de corrida. Mesmo de férias e num cenário paradisíaco, o corpo também merece algum cansaço. A primeira paragem foi na Praia de Figueiras, onde à custa de uma curiosidade para ver uns fósseis acabei por me imiscuir numa área mais reservada a nudistas. Esta praia é também muito interessante, com um areal generoso e águas cristalinas.

Seguindo pelo trilho, que acompanhava a linha de costa, cheguei à praia de Cantareira. Um pouco antes avistei um acampamento mais reservado e por momentos imaginei-me dentro do argumento da série “Perdidos”. Esta praia é um pouco menos apelativa, visto que o areal é escasso. Subi depois pelo trilho até ao caminho principal que cruza a ilha e fui à descoberta do antigo povoado, onde resistem as ruínas de um passado esquecido. Desci ainda à furna de Monteagudo e refiz o caminho de volta à Praia de Rodas.

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Pelo meio foi inevitável, e seria até indesculpável, não visitar o Alto do Príncipe (GC32ZKD) e a Cadeira da Raiña, mais um miradouro excecional das ilhas. O local parece de facto um trono sobre o mar e permite, em especial, uma vista fantástica para a praia de Rodas. Do lado poente das ilhas existem vertentes escarpadas e altas, do outro a terra encontra o mar de forma harmoniosa. Este talvez seja mesmo dos locais mais fotogénicos para recordar estas ilhas. De contemplação em contemplação, regressei à Praia de Rodas e aproveitei para tomar um merecido e refrescante banho. O cenário envolvente pode fazer lembrar as Caraíbas, mas a temperatura da água devolve-nos à Europa num piscar de olhos.

Já com a memória cheia, escrevemos na areia da praia o desejo de voltarmos e fomos engrossar a fila de pessoas que aguardavam a chegada do barco. Já ao largo, de regresso a Baiona, as linhas da ilha iam-se desvanecendo no horizonte enublado e mítico, como se tudo tivesse sido apenas um sonho.

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Artigo publicado na GeoMagazine#23.


 

 



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