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09 September 2014 Written by 

acasim found PNSA MasterDegree Challenge

Desde as férias do ano passado, andámos bastante afastados do geocaching. Os founds de um ano inteiro quase que se contam com os dedos das duas mãos. Não tivesse sido uma escapadela a Istambul, e um punhado de founds aproveitando uma motivação extra que despontou na altura, teria sido mesmo um ano desértico de caches.

Chegaram as férias, ala para Aljezur como de costume, e o mais que apetecia era praia, comer, e não fazer nada. Mesmo nada. Nem mesmo olhar para o mapa para espreitar se havia alguma cache nova por perto. E assim foram passando as férias, sem pensar em geocaching.

Até que... quase no fim das férias, o "bichinho" despertou. Fui espreitar no mapa. E o que vi? Uma cache mistério pertinho, pertinho, e também pertinho da nossa "Ribat da Arrifana". Pensei: "Bom, deixa-me lá ver qual será o mistério, e aproveito para encontrar uma cache para variar e fazer a manutenção anual ao Ribat". Toca a clicar no icon da cache e eis que "EEHHH LAAA, UMA 5/5!!! Isto é para valer" E logo a seguir: "Ena, e o co-proprietário é o meu amigo Prodrive -- esta é mesmo para fazer". "Hummm, são precisos 15 founds no SW com terreno 3,5 ou maior.... Tenho quase a certeza que nestes anos, tudo somadinho, deve lá chegar. Só na volta (inesquecível) que dei com o owner, o Hulkman e o VespaFriends devemos ter apanhado uma meia dúzia!". 

O estudo da cache começou logo aí, dando para perceber que não ia ser nada fácil. E então foi incrível a sensação que já não sentia há muito, a excitação, a ansiedade para lá ir a correr. Assim que apanhei a Beta a jeito não me contive, e lá lhe disse que havia ali uma cache que queria ir procurar, ao pé da nossa, mas que ia ser uma muito difícil! E o incrível aconteceu!! Diz-me ela: "Ahhhh sim? Então também vou, em honra da CSNUNES-familia, da Sandra; um desafio em jeito de presente de aniversário, uma espécie de sintonia.". 

E assim, não só tive luz verde da patroa, como arranjei companhia que não pensava ter. 

Próximo passo, estudar o momento do "ataque". Ora a maré baixa hoje é por volta das 7 da tarde, ou seja, deve dar para ir espreitar ao fim do dia. E como estamos quase com lua cheia, deve estar bem baixa. BOA!! 

E assim foi. Depois de uma corrida de fim de tarde com a Maria, em jeito de aquecimento, lá me fiz à prospeção, para ver o que nos esperava. Fui sozinho. Passei junto à nossa cache do Ribat, parando para uma rápida inspeção. Tudo OK. Ia com a máquina fotográfica e o fim de dia estava bonito, com nuvens a escurecer o céu, mas com uma faixa de luz lá ao fundo, a dar um ar surrealista ao cenário. Descida até lá abaixo, sem problema, e o GPS a dizer que ainda estava a 150 metros. Já na praia, sobre as pedras, sozinho com o barulho do mar e sentindo o coração a bater um pouco mais depressa, avancei devagar, procurando o melhor caminho por entre as pedras escorregadias. Ali sozinho, no meio das rochas e com as poças de água inertes, perfeitos espelhos da luz que ainda pairava, recordei-me das pescarias de camarão e polvo que fazia nas férias quando era miúdo -- gostava de ir sozinho, principalmente muito cedo quando não havia mais ninguém, e tinha as poças de água todas para mim [:)]

Cheguei então ao primeiro ponto crítico -- a passagem para a Pedra da Atalaia. Naquele sítio, quase sempre mergulhado na água, as pedras estão cobertas de algas verdes, como se ali estivesse estendido um tapete. Estas não são tão escorregadias, e caminha-se mais facilmente. Mas os dois metros que me separavam da outra margem, ainda que com apenas 40 cm de água, quase parada, na zona mais profunda, pareciam-me os dois metros mais compridos do mundo. Avaliei o risco: o sol quase a desaparecer, sozinho, a maré possivelmente a começar a subir (eram 8h da tarde), um obstáculo adicional mais à frente, que já tinha visto nas imagens aéreas do google maps, possivelmente outros obstáculos por descobrir.... Enfim, pareceu-me que seria insensatez continuar a prospeção. Após mais um par de fotos que infelizmente não transmitem nem um décimo do ambiente que me rodeava, dei meia volta para regressar à base. E por causa da descontração e descompressão, inevitável no momento do regresso, ainda dei uma escorregadela que me deixou uns arranhões. Ossos do ofício!

A verdadeira aventura tinha data marcada para mais tarde. Foi tudo planeado minuciosamente (eheh, claro que não [:)]), tábua das marés a indicar que a maré vazia seria às 09h20 no dia 11, com um mínimo muito mínimo por causa da lua cheia, cerca de 40 cm a menos do que durante a minha prospeção. Ficou a marcação feita. Alvorada às 7h30 (o que em férias é obra!!) para termos tempo de sobra.

Estávamos com visitas, amigos que ficaram connosco alguns dias. A Teresa, que já fez muitas caches connosco, e o Jaime, que não fazia a mínima! Quiseram alinhar, e não os contrariámos. Logo se veria até onde conseguiam avançar.... [;)] A Maria ia artilhada, com o fato de borracha do surf para o que desse e viesse (é o que os perceveiros usam na faina - tempos modernos). Nós com apenas com calçado adequado. Os nossos amigos, nem com isso..... ui ui....

A manhã estava enevoada, pão nosso de cada dia naquela zona. Seguimos os 5, carreiro abaixo até à cota zero, mas devagar, para não deixar ninguém para trás. E esse primeiro obstáculo, a simples descida, foi ultrapassado por todos!! Mas foi esforço suficiente para a Teresa e para o Jaime, que sem calçado adequado e vendo o que ainda os esperava ficaram por ali mesmo, a renovar energias para o regresso, que já não acompanhámos.

O percurso até à passagem para a Pedra da Atalaia foi relativamente fácil. Mesmo que não soubéssemos o caminho, teria-nos bastado seguir um perceveiro que nos tinha precedido na descida e, entretanto, tinha vestido o "fato de trabalho". Como previsto, a passagem para a Pedra não era mais do que um breve chapinhar numas pocinhas, num verdadeiro oásis de algas que naquele sítio abundam, dando cor e vida ao local, e contrastando com as rochas de xisto, agrestes, que se veem nas margens. Passámos os três e rapidamente subimos para a zona mais alta. Não é difícil, mas as rochas são escorregadias, o que dificulta um pouco. 

A partir daqui era o desconhecido. A ansiedade voltava como 3 dias antes, à espera do próximo obstáculo. E este era jeitoso. A quebra na rocha é alta, com cerca de dois metros, o que exige algum cuidado extra. O obstáculo exigia descer a falha e subir novamente do outro lado. Lá em baixo, apenas pedras, nada de água. Ainda era cedo, faltavam 15 minutos para as 9h00 da manhã, mas logo ali ao lado viam-se as ondas a bater na pedra. Pequenas, mas ainda assim a fazerem-nos pensar que se a maré subisse, poderia ser complicado transpor novamente aquele obstáculo no regresso. Para ajudar à festa, a rocha é escorregadia e exige algum esforço e cuidado na pequena escalada. Decidimos então que seria melhor avançar apenas eu, enquanto elas ficariam de guarda à subida das águas. Na prática a maré ficou assim baixa por mais uma hora, pelo menos, mas isso era algo que apenas viemos a constatar mais tarde, uma hora depois.

Uma hora foi o tempo que demorou a busca. A Pedra é impressionante, pois é muito comprida. São cerca de 50 metros que se podem andar até lá ao fundo. Comecei por me tentar aproximar do GZ, ficando a uma dúzia de metros. Parecia que a cache poderia estar numa parede de rocha. Tentei então encontrar os pontos de referência, usando as imagens spoiler. Erro! Erro! Estava no sítio errado, no ponto de vista errado, e por isso apenas consegui andar perdido, como que a tentar encaixar uma peça de um puzzle no sítio certo, com o puzzle todo por fazer. Pelo meio tive oportunidade de apreciar um oásis de ouriços do mar, e a beleza dos rasgos na pedra. Volta atrás para dizer que não encontro nada e para ver como estão as águas, e segunda tentativa. 

Desta vez, que se lixem as fotos. Vamos lá pelas coordenadas, tentar chegar até 0 metros. Tive de alargar a procura e desvendar outros recantos da Pedra. E as coisas começaram a fazer mais sentido. A vista ficou mais larga, e o GPSr indicava que estava próximo. E também acabei por perceber onde encaixava a peça do puzzle [:)]. A ponta final foi feita de forma tradicional, procurando onde parecia mais provável. E, de facto, a cache apareceu depressa. Era a cache que os 6Sentidos colocaram no local. Não sei se haverá outra, e não procurei.

Log feito, ainda estive ali um pouco a saborear, a fazer um pequeno vídeo que acabou por ficar muito fraquinho, e a tirar umas fotos, de longe, aos pescadores que lá ao fundo andavam a apanhar "understands". 

Entretanto o sol já tinha aparecido, rasgando a neblina e permitindo obter umas imagens mais interessantes. Não deixámos de tirar umas "selfies" (parece que está na moda) para a posteridade. Tinha passado uma hora desde a travessia inicial para a Pedra, e tudo estava na mesma no que à maré diz respeito - água pelos tornozelos, no máximo. Teria dado para irmos todos à procura do outro lado da falha, mas a aventura foi inteiramente partilhada, e isso é que conta!

Um agradecimento ao Prodrive, que teve a bela ideia de aqui meter uma cache. Justifica-se o 5/5, embora no nosso caso estivesse um dia de 4/4, no máximo [:D]

Nota final: Agora que ia fazer o log, fui verificar as caches todas já feitas e, na verdade, são 14 (contando com a Freedom, que fiz no dia seguinte). Esta foi a 15ª. Mas não tenho dúvidas que nos próximos anos, nas próximas férias, voltarei a esta pedra, porque vale a pena! Sem dúvida! Fica o desafio à CSNUNES-familia para nos acompanharem [:)]



1 comment

  • Comment Link FloraCardoso 11 September 2014 Lusitana Paixão

    Tão bom...e fotos magníficas! Obrigada pela partilha :)

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