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Noiva
#3509 @14:20
A Noiva! Este nome pertence ao imaginário de quem escala por esta zona.
Já por várias vezes tinha comentado se vivesse ainda por estes lados e principalmente se ainda escalasse plantava aqui uma cache. Estes dois itens eram os principais inconvenientes mas haviam sempre outros: as condicionantes devido à época da nidificação e também a distância a outras caches. Felizmente houve quem levasse a ideia avante e viesse colocar aqui uma cache.
Assim que vi a publicação desta cache fiquei com a pulga atrás da orelha. Estava aqui a oportunidade de voltar a este topo. Só tinha vindo aqui uma vez e isso foi quase há um quarto de século. Ainda li alguns comentários sobre autocolantes, eventos e quejandos e fiquei a pensar na vinda aqui. E não seria com o helicóptero do Baldrick seguramente.
Coloquei a cache em lista de observação e comecei a preparar uma ida. Primeiro encontrar companhia, o mais fácil, e depois encontrar um dia livre (o mais difícil). E isto sempre a pensar num possível FTF. Na primeira oportunidade, para descansar do trabalho, pois andávamos ambos cansados (eu e o Fran), resolvemos vir aqui à praia e escalar a clássica via da Noiva. A maré estava de feição, a maré baixa estava marcada para as 11 e qualquer coisa, e a hora combinada para nos encontrarmos no parque de estacionamento era por volta de essa hora.
Com alguns atrasos, até a estrada da Peninha tinha movimento, lá nos encontrámos todos e demos início à já conhecida descida até à praia, carregados com material de escalada, material para a praia e um puto às costas, tudo dividido por todos. Ao olhar para a cangalhada toda alguém que nos visse pensava que iríamos passar algum tempo no areal. Cá em baixo vimos que havia quem tinha passado por aqui a noite.
Nunca vi a praia com tanta gente e em contraste com as primeiras vezes que por aqui vim, quase com a praia deserta, e ainda antes de chegar à maioridade.
Chegados à praia e depois de instalados tinha chegado a hora de começar os preparativos para ir lá acima. Escalar a Noiva é um marco para quem gosta de escalar e é sempre uma aventura, mesmo que seja fácil, vir aqui pelo que representa. Lembro-me bem da sensação de cá vir ao topo.
Enquanto falávamos sobre a via e por onde era vimos um par de escaladores que já estavam a meio caminho. Primeiro pensamento, lá se foi o FTF. É preciso azar, aqui não há muita gente a escalar e é logo hoje que me cruzo com alguém.
Tudo preparado e lá fomos pelo areal para aproveitar a passagem livre pela maré baixa. E com esta toda excitação fiz a asinice de ir descalço, tinha os sapatos separados (além dos sapatos do Demo) para trazer mas ficaram. Voltei a atrás e lá fomos em direcção ao início da via e agora por cima dos calhaus.
Material separado, mochila e sapatos escondidos, uma breve conversa para acertar agulhas sobre os sinais a usar e por onde passa a via e começou a ascensão.
Na última reunião, ali sentado a olhar para o que resta do topo da Ursa, soube que afinal o casal que aqui estava a escalar, só vinha mesmo para alcançar o topo. O Fran tinha acabado de falar com a rapariga e assim a ideia do FTF voltou. Mais dois largos e tínhamos feito uma ultrapassagem. Estou destreinado mas em melhor forma do que pensava.
Chegados ao topo, e depois de uma breve conversa com os escaladores que encontrámos cá em cima, e ter descalçado os pés de gato (já não estou habituado a estes instrumentos de tortura) e lá fui, descalço para o ponto zero. Não levei GPSr mas tinha uma ideia clara sobre o local da cache. E cá em cima não há muitos locais para a esconder. Sem andar no meio da “selva amazónica” claro.
Cache encontrada, gostei do pormenor do chumbo que obviamente não é objecto de troca, e vi que sim, o livrinho estava em branco. Registei a minha passagem e voltei ao local da descida para mais conversa e fotografias. Ficámos ali algum tempo para apreciar o local e acenar lá para abaixo.
E eis-me aqui novamente no topo do mundo onde há muito tempo que não voltava e já pensava o não fazer. Só quem aqui vem, ou em picos semelhantes, é que sabe a sensação de cá estar.
Faltava agora a descida em rappel por ali abaixo em duas etapas. Aproveitámos irmos os quatro lá para baixo, optando pelo convite para utilizarmos a corda já colocada. Menos manobras de corda e menos coisas que podem cair. Esta face já é mais fustigada pelo vento e lá chegámos todos ao início do segundo e último rappel. Aquele que agora tem umas protecções mas onde durante um tempo se simplesmente se passava a corda à volta do calhau.
Já de volta ao solo, e já sabíamos pois tínhamos visto cá em cima, vimos que a passagem pela costa estava barrada e assim só nos restava subir tudo até lá acima, quase à cota do parque de estacionamento, e depois voltar a descer até à praia. Coisa pouca.
Ainda vimos umas avionetas a fazer uns voos rasantes pela linha de água quase em cima das nossas cabeças.
Despedimo-nos dos outros dois escaladores e descemos até ao areal para uns merecidos mergulhos nas ondas frias da Praia da Ursa, uma das melhores praias que conheço.
E foi um saboroso FTF.
Entrou: Porta-chaves mão, galo de Barcelos sem crista
Saiu: Bola e peixe
Obrigado pela cache e obrigado Fran pela escalada. Que desafio fantástico. Está aqui escolhida, e para mim, a melhor cache publicada em 2013 por terras lusas.