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22 August 2013 Written by  Pintelho

Pintelho found Headland

Found itPintelho found Headland


Finalmente chegáramos.
Do cardápio faziam parte a Freedom, a Headland, a Greenshades e a "Nest". As duas últimas ficariam sem resposta por incapacidade do cachemobile se aproximar do acesso, pelo que esta terminaria sendo a última da série a levar o merecido smile.
Cerca das 14h30m, estacionámos o cachemobile no miradouro, com vista privilegiada para o GZ. É ali, comentei.

Incrédula, a GS começou, logo naquele instante, a duvidar da nossa capacidade, e cedo estabelecemos o pacto de que assim que um de nós não se sentisse capaz, ambos voltávamos para trás.

Seguimos viagem. Apesar de haver um trilho desde o miradouro, optámos pela abordagem via aldeia piscatória. A conselho do owner, o caminho seria acompanhado da Multi "O Pescador", e ainda bem, pois visitar este aldeamento torna-se quase obrigatório!

Deixada para trás das costas a aldeia, impunha-se o promontório, omnipresente, lá abaixo, lá a Ocidente.
À direita, na serra, caminhavam algumas pessoas. A costa vicentina é indubitavelmente priviligeiada no que aos percursos pedestres diz respeito. Olhavam, quase todos, para o GZ. Estava lá, imponente, a chamar, e muito poucos se atrevem a lá ir. Diria que ninguém no seu perfeito juízo o faz. E depois há aquela máxima... Temos que ir ali, porque o promontório ali está!

Iniciámos a descida, pensando que, no regresso, íamos rogar pragas à subida. Depois subimos ligeiramente, e rapidamente demos connosco no ponto final d'"O Pescador", não sem um saudável desvio para o ponto intermédio.

O GZ d'"O Pescador" é precisamente a 161m do GZ da Headland, e daí, no alto, conseguimos ver os menos de 50m que constituem o verdadeiro desafio. Uma linha estreita, a lembrar uma coluna que perdeu as vértebras, desemboca na elevação, um verdadeiro pódio onde são coroados os mais insensatos, os que arriscam, os que conseguem e sentem o doce sabor da vitória. Dali, d'"O Pescador", o pensamento mais recorrente era o de desistir.


Mas não há como desistir, ali. Aquela elevação chama por nós, magnética, e lá fomos, repetindo um para o outro que quando algum se sentisse desconfortável, ambos voltaríamos para trás.

Alguns metros à frente demos com ela, majestosa e desafiante, como que a deitar-nos uma língua de fora. A passadeira para o pódio não tinha mais que 30 cm no topo. De cada um dos lados, uma escarpa vertiginosa, vertical. Ao mais pequeno deslize, só haveria uma paragem. E nós decidimos seguir.

Com todos os esforços, baixando o centro de gravidade o máximo possível, progredíamos sem pressas. A certa altura, temos que abandonar o topo da passagem e descer um pouco pela lateral. Curiosamente, é a fase de maior sensação de segurança, pois o facto de irmos com as mãos a agarrarem pedra firme, no topo da língua de terra que entra pelo mar confere-nos uma perceção reconfortante de controlo.
E assim foi que chegámos, já quase no final, àquela que é a maior dificuldade do percurso: um passo, desapoiado e decidido, em frente, para baixo, e com um ligeiro vazio pelo meio. Um daqueles exemplos das dificuldades impostas psicologicamente, pois assim que venci a inércia o passo não tinha por onde correr mal.

Daí em diante baixava a intensidade e, pouco à frente, entrávamos no promontório. Terra firme, sem falésia, sempre a subir uns 50 metros.
Por aqui, por ali, por acolá, e chegámos.
Olhando para trás, uma estreita faixa de terra ligava o nosso promontório ao continente, impossível de transpor ao olhar mais desatento. E, contudo, ali estávamos nós, no meio do mar, mas em terra, sozinhos.
Iniciámos rapidamente as buscas, pois a fome começava a apertar e, sem o almoço no bucho, ninguém se queria sentir mal no regresso.

A magana fez-se de difícil e, com dificuldades em compreender a dica, já estava a ficar assombrado pela "maldição dos DNF em caches do clcortez".
Cheguei, inclusivamente, a tentar ver se havia rede móvel para pedir um helpdesk. Felizmente, contudo, bem escondidinha, ela lá apareceu. Felizmente, quebrámos a maldição. Sem visitas há longos meses - a última fora do owner -, aquele livrinho via, novamente, a luz do dia.
Espreitámos os registos, e vimos que até animais de quatro patas já ali tinham estado, ultrapassando o inultrapassável. Para o Óscar, certamente, terá sido uma travessia mais fácil que para a maior parte dos geocachers.
Recolocada a caixinha no seu bom esconderijo, olhámos para o miradouro, lá em terra, e tentámos colocar-nos no lugar daquelas pessoas que nos viam - pequenos vultos humanos no meio do mar, naquele promontório impossível. E contudo, lá estavam eles - lá estávamos nós, felizes. Conseguíramos.
O regresso foi feito sem sobressaltos. Psicologiamente é um pouco mais fácil regressar, pois os principais obstáculos têm mais apoios nesta direcção.

O difícil foi, já em terra, subir aquele carreiro que nos levava de volta à aldeia piscatória. Com o estômago a resmungar, parecia uma eternidade.

Já no carro, finalmente, tirámos a lancheira e preparámos um almoço, bem tardio, com uma vista privilegiada para o promontório impossível.
Ao nosso lado, os turistas olhavam para o mesmo ponto que nós e, arrisco dizê-lo, alguns deles pensariam "Gostava de estar ali, mas é impossível"!


Obrigado, Cláudio, por esta saborosa aventura.
Obrigado, GeoSapinha, pelos momentos de partilha, mesmo nos momentos mais arriscados.

Sem trocas, seguimos a pé para a que já estava definida como cache de consolação, caso a Headland fosse impossível - ali, a escassos 50 metros do local do piquenique. Sem aventura, o sonho continua...



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