Não é que desta vez o marco tinha toda a razão. Às 8:15 já tinha visitado a praça de Quitana, procurado a sombra e já estava a tomar o pequeno-almoço. Esta foi nomeada por mim como a etapa relâmpago. Quem diria que iria chegar tão cedo e me iria enganar tanto nas contas. Conclusão, lá tive de preencher o tempo que me restava até as 12:00. Cachebox ligado para ver a quanto ficavam as 3 caches que me faltavam na cidade e surpresa das surpresas a mais distante estava a 270 metros. Fiz as 3, em que por mais incrível que pareça encontrei as caches de dificuldade superior e tive imensas dificuldades na supostamente mais fácil(GC2B9NJ, GC24A6F e GC287KB).

10:00 e estava tudo terminado lá tinha de encontrar alguma coisa para fazer. Poucos minutos passaram e chegavam os 3 portugueses lá me juntei a eles e fomos alternando de vígia para 2 a 2 podermos entrar na catedral. Ponto importante, dentro da catedral não se pode levar o material da caminhada, mochilas, bastões e afins ficam à porta, ou poderão guardar tudo umas portas antes do apoio ao peregrino e gabinete onde se recebe a compostela.

Últimas considerações

O material levado foi o necessário se bem que o material informático tenha ido em excesso. Não tivesse assuntos pendentes para os levar e tinham sido uns bons kgs que teria ficado em casa e teriam poupado as costas e as pernas.

Peso final: 84,2 kgs (menos 1,6 kgs), isto deixou-me revoltado estava confiante que viria mais leve e a rondar os 80 kgs. Parece que para mim caminhar já não serve (^_^).

As marcas que nos levam até Santiago são bem visíveis por norma claro. Sem mapas consegui chegar lá por isso qualquer um conseguira, com mais calma ou menos. É preciso ter em mente que ao longo do percurso as marcas vão variando e a sua frequência também. Em Portugal, exceptuando Valença é sempre visível uma marca (seta amarela) duma para a próxima. Cheguei a ver umas 5/6 setas a indicar o mesmo caminho. Chega-se a Valença e nota-se uma deficiência nas marcas, estão bem mais distantes umas das outras, e por vezes dão lugar às riscas brancas e vermelhas, usadas para divulgar uma grande rota. Do lado de Espanha as marcas são mais variadas. Entre as marcas podem aparecer o célebre azulejo com a concha amarela, a tradicional seta amarela, placas de trânsito, os marcos ou como muito me confundiu à chegada de Santiago dever-se-á seguir em partes do percurso umas pegadas amarelas. Basicamente se é amarelo indica o caminho de Santiago. Aqui em Espanha as marcas também distam um pouco mais umas das outras, mas é difícil uma pessoa perder-se e perguntando a qualquer pessoa esta lhes indicará o caminho correcto.

Albergues o ideal em época alta será chegar cedo ao albergue para garantir sempre um lugar confortável no mesmo, aconteceu em algumas vezes ficar lotado o albergue, mas conversando com os responsáveis dos mesmos arranja-se uma solução. Muito dificilmente ficará um peregrino na rua sem um abrigo.

Alimentação e água não serão problema, as etapas mais complicadas serão mesmo em Portugal onde se percorre maiores distâncias sem local para comer. Já do lado espanhol existem bastantes fontes ao longo do caminho e existem bastantes terras e locais para descansar e comer pelo caminho. O ideal para mim foi mesmo, no dia anterior comprar num supermercado pão de forma uns ingredientes para o rechear e comer pelo caminho. De noite fazia uma refeição mais completa.

Convívio está praticamente assegurado e a língua não é uma barreira na comunicação.

Dias de caminhada aconselho a fazer de acordo com as vossas pretensões, o ideal será levar o caminho numa prática mais desportiva e relaxante. Eu ao iniciar a caminhada levava a ideia de conseguir em 4 dias, pelo caminho alterei para 5 dias, não só pela sanidade física mas também mental. Se era possível em 4 dias não tenho dúvidas. Mas a meu ver e o que aprendi durante o imenso tempo que tive para pensar, o caminho deve ser feito em mais dias para poder aproveitar ao máximo o que ele tem para nos oferecer. Já passaram alguns dias que terminei a caminhada, mas no meu organismo ainda sinto a falta de algo. Tenho vontade de prosseguir a minha viagem e parar mais tarde. Por esta razão vos digo para o fazerem em mais dias, vão ver que não se arrependerão.

Infelizmente muito do que era suposto dizer nesta entrada perdeu-se. Eu sei que durante a minha caminhada muitos conselhos me passaram pela cabeça, mas sinceramente hoje não me lembro de tais. De qualquer forma fica aquilo que me fui lembrando e peço desde já desculpa por esta lacuna. Qualquer dúvida não exitem em contactar-me tentarei responder brevemente e com tudo o que me lembrar relativo à questão.

Espero que tenham gostado destes pequenos diários dos dias que me foram oferecidos na caminhada e de que alguma forma vos tenha mantido entretidos.

Abraços e Beijos,

André aka Kinder