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31 December 2014 Written by 

Morcegos: Protegidos por Lei, ameaçados pelos Humanos?!

Geocaching - a actividade que nos diz tanto, que nos vicia, que nos agarra às coisas mais simples da vida, tais como a descoberta de uma paisagem inesquecível, ou mesmo de um convívio animado.

 
 
Quantas vezes deste por ti a pensar “Se não fosse o geocaching nunca conheceria este lugar”? Quantas vezes tiveste que te aventurar para chegares àqueles metros quadrados de “terra” onde o tesouro se encontra escondido?! Mas todos os esforços para chegar são recompensados: poder contemplar a natureza, o espaço envolvente, tudo isso torna aquele momento numa memóriaúnica de geocaching.
 
E dessas aventuras inesquecíveis, quantas já te levaram a cavidades, grutas, algares...? Como geocachers conscientes, há algumas coisas que precisamos saber em relação a estes paraísos subterrâneos. Cada cavidade tem um ecossistema próprio. A definição de ecossistema compreende todos os elementos de uma determinada área, incluindo os elementos vivos e os não vivos, como o ar, o solo e a água, bem como todas as interacções que ocorrem entre esses elementos.
 
A nossa presença numa cavidade tem sempre algum efeito negativo sobre o ecossistema da mesma. Cabe-nos adoptar as atitudes mais correctas para minimizar “os estragos”. Ao entrar numa gruta ou algar encontramos vários seres vivos que ali vivem, ou apenas utilizam o espaço como abrigo. Os mais comuns e já conhecidos por muitos geocachers são os morcegos.
 
Os morcegos existem na terra há 50 milhões de anos e são os únicos mamíferos com capacidade de voar.
Além de possuírem visão, muitas espécies de morcegos são capazes de voar e apanhar insectos na total escuridão, graças à capacidade de emitir e detectar impulsos ultra-sónicos (ecolocalização).
Os morcegos são muito importantes pois comem toneladas de insectos por ano. Um bom e esperto morcego insectívoro pode devorar mais de 600 mosquitos por hora, fazendo assim um rigoroso controlo de população e prevenção de pragas.
 
As espécies que se alimentam de frutas espalham sementes de centenas de espécies de árvores, contribuindo desta forma para a regeneração de florestas. Cada morcego pode transportar mais de 500 pequenas sementes por cada noite.
Algumas das particularidades biológicas destes seres vivos têm vindo a ser utilizadas na investigação médica e farmacêutica, como o estudo de mecanismos de orientação em invisuais com base na ecolocalização e o desenvolvimento de anticoagulantes baseados em proteínas da saliva dos morcegos que se alimentam de sangue.
 
Sabendo agora da importância dos morcegos para a biosfera, será que os geocachers são sensíveis a estes mamíferos? Estamos a errar? Se estamos, o que podemos fazer para os proteger? A resposta passa por ter o conhecimento: Conhecer para intervir.
Os morcegos são espécies particularmente frágeis por terem uma capacidade de recuperação populacional muito reduzida. Esta baixa capacidade deve-se principalmente a uma maturidade sexual tardia e uma taxa de reprodução muito baixa (a maioria das espécies só tem uma cria por ano). Adicionalmente, o carácter colonial da maioria das espécies, que se concentram num número reduzido de locais, aumenta a sua vulnerabilidade.
 
A perturbação dos abrigos, em particular no caso dos subterrâneos, é nefasta, particularmente nos períodos de maternidade e hibernação.
Em Portugal, os morcegos acasalam no Outono. Mas com o terminar desta estação, o frio e a escassez de alimentomlevam os morcegos a hibernar, o que inviabilizaria o desenvolvimento da recente gravidez. Mas o corpo das fêmeas está preparado para “guardar” a nova geração que nascerá em Junho. Cada fêmea de morcego tem apenas uma cria, que amamenta durante mais ou menos seis semanas. Voar com a cria em busca de alimento pode tornar-se pesado, razão pela qual a maioria das espécies deixa a cria no abrigo (berçário) enquanto se vai alimentar a cria fica vulnerável.
 
Se ao olhar para uma colónia detectares “manchas rosas” ou morcegos “mais volumosos” suspeita da existência de crias e abandona o local o mais rápido possível, sem perturbar a colonia. As crias, assustadas, podem cair ao chão ou, nos casos mais graves, as mães podem abandonar os abrigos e, consequentemente, as crias morrem de fome.
 
Em Portugal considera-se que o período de hibernação de morcegos se estende desde Outubro a Março, embora seja mais notório de Novembro a Fevereiro.
A hibernação deve-se à diminuição da temperatura ambiente, mas também da quantidade de alimento disponível ou ao estado reprodutivo.
 
 
Durante a hibernação, os morcegos penduram-se imóveis em tectos, fissuras, ou buracos. Desde que a temperatura do abrigo se mantenha ligeiramente acima da temperatura de congelamento, os morcegos mantêm a temperatura corporal pouco acima da temperatura ambiente, não baixando, normalmente, dos 6ºC. Nestas circunstâncias o consumo de oxigénio, assim como o batimento cardíaco, baixam significativamente, e praticamente toda a energia utilizada passa a ter origem no metabolismo da gordura. Ao mesmo tempo, o animal sofre diversas alterações internas, como a diminuição de volume de alguns órgãos e quebra de tecidos. Por exemplo, no morcego Lasiurusborealis, fora do período de Inverno, o ritmo cardíaco é de 250-450 pulsações por minuto em repouso e cerca de 800 pulsações por minuto em voo.
 
Quando em hibernação, o ritmo cardíaco baixa para 10-16 pulsações por minuto. O sangue pára de irrigar os membros, e apenas océrebro e o coração mantêm um fluxo sanguíneo normal. O morcego respira devagar, podendo passar uma hora sem respirar. Se entrares numa gruta no período de hibernação e te deparares com uma colónia de morcegos, a atitude mais correcta é retirares-te imediatamente do local, de forma a não perturbar a mesma, pois o acordar frequente pode levar ao gasto prematuro das reservas alimentares, podendo implicar nos casos mais graves a morte dos
indivíduos.
 
A Federação Portuguesa de Espeleologia desenvolveu uma listagem das cavidades naturais e artificiais que estão classificadas como abrigos de Importância Nacional, onde estão indicados os períodos em que as visitas são interditas e desaconselhadas (link).
Esta informação é muito importante para os geocachers, pois há inúmeras caches nos locais listados. Não programes a tua visita a estas cavidades nas épocas de hibernação ou maternidade. Se conheces caches localizadas em abrigos de Importância Nacional ou em qualquer abrigo que contenha colónias de morcegos, informa-te com o owner se é necessário entrar na cavidade para encontrar a cache e sensibiliza-o para esta situação, para que juntos possamos fazer melhor e proteger estas e outras espécies.
 
Morcego de Ferradura mourisco
 
Segundo dados recentes do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), existem 27 espécies de morcegos em Portugal Continental. Enquanto determinadas espécies se conseguiram adaptar bem à progressiva humanização da paisagem, outras (infelizmente, a maioria) têm vindo a regredir, estando mesmo à beira da extinção. No território continental, as mais ameaçadas são o morcego-rato-pequeno (Myotisblythii), o morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophusmehelyi) e o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale). No entanto, independentemente do seu estatuto de ameaça, todas as espécies estão protegidas por legislação nacional (desde 1967, por um decreto que reconhece a necessidade de proteger os morcegos) e internacional (Directiva Habitats, Convenção de Berna e Convenção de Bona, de que resultou o Eurobats)
 
Como proceder?
 
• Evitar entrar nos abrigos nos períodos de Hibernação e Maternidade;
• Evitar ruídos e emissões de ultra-sons (não sussurrar, não abrir ou fechar fechos éclair);
• Evitar focos luminosos/flash de máquinas fotográficasmpara o local da colónia;
• Sempre que encontrares uma colónia, deves informar as autoridades competentes (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ou a Federação Portuguesa de Espeleologia);
• Os períodos menos sensíveis são entre Dezembro, Janeiro e Fevereiro - (link)
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 



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